27 de Dezembro de 2018
*ANTONIO GALVAN
Fazer parte do setor de produção de alimentos é motivo de orgulho para todo produtor rural, pois sabemos a responsabilidade que temos em nossas mãos. Garantir que o alimento chegue à mesa de milhares de pessoas, todos os dias, não é uma tarefa simples. A cadeia produtiva é vasta, complexa, cheia de percalços e desafios. Mas saber que contribuímos significativamente, com o planeta, nos motiva. Porém, de tempos em tempos quem produz alimentos é alvo de ataques, críticas, tentativas de paralisação ou inviabilização de sua atividade.
Em 2018, vivemos esse cenário praticamente o ano todo. Não foram poucos os que se levantaram contra o setor. Não foram poucos os que questionaram a idoneidade dos produtores rurais. Desde a oscilação cambial, passando por questões climáticas, a greve dos caminhoneiros, tabelamento do frete, até questões com foco mais estadual como a discussão sobre a renovação do Fethab 2 e a chamada taxação do agronegócio, as incertezas – muitas das quais já estamos acostumados a lidar – só aumentaram.
A Conab estimou uma produção de aproximadamente 120 milhões de toneladas de soja para esta safra (2018/2019). E, citando essa previsão destaco como as cifras, as toneladas, enfim, os números do agro parecem sempre causar espanto e impressionam aqueles que desconhecem o setor. E pergunto: por que não há interesse em conhecer e se aprofundar neste segmento da economia que é tão primordial?
Por que é tão mais simples generalizar, se basear nas chamadas “fake news”, e em números irreais – como da renda do produtor, por exemplo -, ao invés de buscar conhecer a cadeia produtiva que, além de mover a economia, assegura o alimento nosso de cada dia?
Entendemos que esse cenário precisa mudar. Por isso, temos buscado falar com a sociedade cada vez mais. Estamos abertos ao diálogo para mostrar que ser produtor rural no Brasil, em especial em Mato Grosso, não é ser uma casta que está acima do bem e do mal como tentam fazer com a nossa imagem.
Para quem está acostumado a lidar com intempéries no campo, os debates na cidade não assustam, pelo contrário, fortalecem. Quando os olhos se voltam para o setor agropecuário é sinal de que somos vistos, reconhecidos pela representatividade que temos. Portanto, não criticamos aqueles que nos colocam no epicentro de alguns debates. Só pedimos, em nome dos produtores rurais e da diretoria da Aprosoja, respeito, verdade e seriedade na discussão.
Estamos prontos para o novo ano!
Mesmo com uma variação cambial que fez com que no período de compras de insumos, para esta safra, o dólar estivesse acima de R$ 4,00 e, hoje, justamente no momento em que precisamos comercializar a produção esbarramos no dólar abaixo dos R$ 4,00. Ou seja, contando com os custos de produção, não precisa ser especialista pra perceber que a rentabilidade será afetada. Mesmo com a discussão sobre a unificação do Fethab, ou qualquer outro tema relacionado à taxação.
Mesmo diante de um novo governo, com novas ideias, com novas formas de agir, estamos confiantes que o agronegócio brasileiro seguirá firme na missão de abastecer as gôndolas, honrar os compromissos, contribuir com a balança comercial e fazer bonito dentro e fora do país. Jamais vamos nos furtar de nossas obrigações. Apenas queremos que haja coerência quando o assunto for relacionado à produção de alimentos.
E que assim seja neste novo ano. Feliz 2019 a todos.
*ANTONIO GALVAN é produtor rural, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).