MT coleciona números que envergonham a todos nós, diz Mauro após tomar posse
O empresário Mauro Mendes (DEM) tomou posse nesta terça (1) como governador de Mato Grosso, em cerimônia na Assembleia, no Centro Político Administrativo, em Cuiabá. Ele chegou acompanhado do vice-governador Otaviano Pivetta (PDT), sua esposa Virgínina Mendes, além dos três filhos e outros familiares. Marcada para as 16h30, a cerimônia começou com quase 40 minutos de atraso, com a fala do presidente Eduardo Botelho (DEM).
Botelho convocou autoridades do Estado para compor a mesa: o desembargador Orlando Perri, representando o Tribunal de Justiça; o procurador-geral de Justiça do Estado Mauro Curvo; o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), desembargador Márcio Vidal; deputado Carlos Bezerra, representando os oitos deputados federais; o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB), o presidente da Câmara da Capital Misael Galvão (PSB); o presidente do Tribunal de Contas (TCE-MT) Campos Neto; o senador eleito Jayme Campos (DEM), representando os ex-governadores; o defensor público-geral Clodoaldo Queiros; e a reitora da UFMT Mirian Serra.
O primeiro-secretário Guilherme Maluf (PSDB) foi quem recebeu das mãos de Mauro e Pivetta os seus respectivos diplomas e declaração de bens, demonstrando, assim, estarem aptos para tomar posse. Em seguida, Mauro fez o juramento, se comprometendo a cumprir todas as obrigações do cargo de governador. Pivetta também leu juramento similar. O ato protocolar final foi a assinatura dos termos de posse.
Mauro, que já foi prefeito de Cuiabá (2012-2016), terá como principal desafio equilibrar as finanças do Estado. De acordo com o projeto da LOA 2019, que ainda deve ser votado pela AL, a projeção de arrecadação deste ano é de R$ 19,2 bilhões. As despesas devem ficar no patamar de R$ 20,9 bilhões, prevendo, dessa forma, um déficit de R$ 1,7 bilhão para o primeiro ano do mandato democrata.
Para buscar uma solução, Mauro já anunciou o corte de 3 mil cargos comissionados e a redução das secretarias para 15, além disso, até sete empresas públicas estão em análise e podem ser extintas ou sofrer fusões.
Rodinei Crescêncio
Governador Meuro Mendes chega com a família para sessão
O democrata, que assume o Estado com parte dos servidores sem receber o 13º salário e sem dinheiro em caixa para pagar a folha de dezembro, ainda pretende reeditar o Fethab 2.
Discurso
Após agradecer aos presentes, Mauro disse que assume o cargo com a absoluta consciente dos desafios que irá enfrentar nos próximos anos. Como empresário experiente, destacou que o país possui uma alta carga tributária, mas em contrapartida, péssimos serviços públicos. Diz que resolver tal problema é o grande desafio de quem decide exercer um cargo público.
Mauro pondera que as soluções não são fáceis e é preciso debate para fazer as mudanças necessárias diante a dura realidade do Estado. O democrata não poupou criticas ao governador Pedro Taques (PSDB). Declara que o tucano termina sua gestão como uma grande interrogação do papel que poderia ter cumprido”.
“O Governo coleciona números que envergonham todos nós. Salários atrasados, servidores a meses sem receber. Colapsos nos hospitais regionais. Formas claras de perceber que algo muito errado está acontecendo em nosso Estado. Em contrapartida, o PIB de MT triplicou nos últimos dez anos. Como somos capazes de produzir tanta riqueza e não conseguirmos reverter em serviços aos mais pobres”, indagou.
Agro e união
Mauro afirma que todos os que vivem no Estado devem reconhecer e se orgulhar do que o agronegócio fez para Mato Grosso. Pondera, no entanto, que é necessário fazer bons debates sobre o modelo de tributação do setor. “Não é justo que falemos do agronegócio, sem falarmos de outros setores, como comércio, indústria e incentivos fiscais, que também serão alvos de análise”.
Ainda em seu discurso, Mauro diz que o descontrole financeiro não é causado apenas pela falta de receita, mas do absoluto descontrole dos gastos. “Mato Grosso não convivia com atrasos de salários há mais de 20 anos. E agora, temos que passar por isso”.
Nesse sentido, conclamou todos os representantes dos Poderes e órgão independentes, cidadãos e servidores públicos a se juntarem para ajudar o Estado a sair de tal situação. “Esse estado vai continuar se desenvolvendo, sendo um orgulho do nosso país, pois é um dos Estados que mais contribuiu para a balança comercial do Brasil”.
“Mato Grosso não convivia com atrasos de salários há mais de 20 anos. E agora, temos que passar por isso”
Mauro Mendes
A sessão foi encerrada às 17h40 e o governador se deslocou para o Palácio Paiaguás, onde recebe a faixa de chefe do Executivo das mãos de seu antecessor Pedro Taques (PSDB).
Eleição
Com 58,69% dos votos válidos (840.094), Mauro foi eleito o 56º governador de Mato Grosso em outubro, ainda no 1º turno. Com a posse, o governador leva o DEM, antigo PFL, de volta ao Palácio Paiaguás após 24 anos.
Mauro venceu a disputa contra o senador Wellington Fagundes (PR) e o governador Pedro Taques (PSDB) que, pela primeira vez na história da política contemporânea do Estado, não conseguiu se reeleger.
O último governador do DEM foi Jayme Campos, quando a sigla ainda era denominada PFL. Ele assumiu o comando do Executivo em março de 1991, no lugar de Edson Freitas de Oliveira (então no PMDB), que por sua vez, assumiu o cargo após Carlos Bezerra (MDB) renunciar para disputar o Senado – o foi derrotado por Júlio Campos.
Fundado em 24 de janeiro de 1985, logo após a eleição indireta do então governador mineiro Tancredo Neves, do PMDB, à Presidência da República, o PFL passou a ser DEM em 2007.
Desde a saída de Jayme, o Paiaguás foi comandado por Dante de Oliveira (1995-1998 e 1999-2002), Rogério Salles (2002), Blairo Maggi (2003-2007 e 2007-2010), Silval Barbosa (2010 e 2011-2014) e Taques (2014-2018).
Governador Mauro Mendes (DEM) e vice Otaviano Pivetta (PDT), na sessão da AL que os empossou nos cargos para os quais foram eleitos em 2018
Perfis
Mauro exerceu o cargo de prefeito de Cuiabá, sendo eleito em 2012. Cumpriu integralmente os 4 anos de gestão e deixou a prefeitura com a aprovação de 81% da população. Antes, em 2008, disputou as eleições para prefeito de Cuiabá e, em 2010, concorreu ao comando do Estado contra o ex-governador Silval Barbosa.
Foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), do Sesi e Senai no período de 2007 a 2010, chegando a ser vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Formou-se em engenharia elétrica na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde militou no movimento estudantil, sendo presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) de 1984 a 1985.
Empresário, fundou a empresa Bimetal Indústria Metalúrgica Ltda. em 1989, que se transformou no Grupo Bipar, composto por outras empresas. O democrata nasceu em Anápolis (GO) e mudou-se para Cuiabá aos 16 anos. Ele é pai de três filhos (Ana Carolinne, Luis Antônio e Maria Luíza) e esposo da economista e empresária Virgínia Mendes.
Natural de Caiçara (RS), Otaviano Olavo Pivetta reside em Lucas do Rio Verde desde 1983, onde liderou o processo de desenvolvimento municipal, incentivando o empreendedorismo, o cooperativismo e a formação de cadeias produtivas, fortalecendo o agronegócio e gerando emprego e renda.
Empresário, produtor agropecuário, pai de seis filhos e avô de três, o vice-governador exerceu o cargo de prefeito de Lucas do Rio Verde por três mandatos cumpridos integralmente.