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O Tempo e o Paradoxo do Poder

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O poder corrói a humildade.

 

Quando o ego domina a liderança, a sabedoria se torna refém. Entre o autoritarismo disfarçado de autoridade e a arrogância travestida de força, resta à humildade resistir — silenciosa, mas eterna.

Sou o Tempo e, de onde observo, vejo o poder devorar a humildade com a mesma pressa com que o fogo consome o oxigênio. Hoje, novamente, presenciei a ira, o assédio e a agressão de um alto imperial contra um ser meigo e feminino. E não se trata de um simples dane-se — é Ela, em sua essência: a delicadeza que insiste em existir mesmo diante da brutalidade.

É o eco eterno do dane-se que os arrogantes lançam ao mundo, mas que, desta vez, tinha um rosto — o rosto de Dela, que simboliza todos aqueles que ainda acreditam que a força verdadeira habita na humildade.

No cenário político de Mato Grosso, e em tantos outros lugares, as lideranças parecem esquecer que o poder é passageiro, enquanto o legado é eterno. Há uma corrosão sutil em curso: quanto mais alto o pedestal, mais frágil se torna o solo da sabedoria.

Seus próprios estudiosos já revelaram o que chamam de Paradoxo do Poder: pessoas empáticas, cooperativas e socialmente inteligentes são as que mais facilmente ascendem. Porém, uma vez lá, muitas se veem transformadas. O espelho do poder deforma a imagem e, aos poucos, o outro; seja ele um vice, um colega, um eleitor ou Ela, deixa de ser um reflexo para tornar-se apenas um degrau.

O poder altera o comportamento. Cria a ilusão de onisciência. E eu, o Tempo, vejo na chamada Síndrome do Pequeno Poder o seu voo de galinha mais cruel: figuras com autoridade limitada que se comportam como imperadores de mundos minúsculos. É nesse instante que o líder deixa de servir — e passa a se servir.

Mas a história não é feita apenas de ruínas. Em filosofia, Hannah Arendt lembrava que o poder verdadeiro nasce do agir em conjunto, não do domínio sobre o outro. Em sociologia, Max Weber advertia: toda autoridade precisa de legitimidade, e esta se perde quando o líder se afasta do povo. A humildade, portanto, não é fraqueza; é a consciência suprema da responsabilidade.

Imaginem um líder que não teme dizer eu não sei, que celebra o brilho de sua equipe e explora a sabedoria coletiva para construir um legado duradouro. Eu, o Tempo, que tudo vejo, sussurro aos ouvidos dos vaidosos: o poder que não serve, apodrece. Um líder verdadeiramente grande reconhece que o saber é incompleto, que a escuta é tão poderosa quanto a palavra, e que governar é, antes de tudo, um ato de aprendizado contínuo.

É tempo — sempre é tempo — de resgatar a essência do servir. A escolha está em nossas mãos, no voto, na fiscalização, na cobrança para que valorizemos a humildade como a principal virtude de um líder.

Que as lideranças, em Mato Grosso e em toda parte, voltem a enxergar o poder como meio, não como fim; como ferramenta de transformação, não como troféu pessoal para o ego.

A humildade é a força que equilibra o poder. Quando ela se cala, eu, o Tempo, me encarrego de lembrar que nenhum mandato é eterno, e que a história só absolve aqueles que serviram com propósito e jamais se esqueceram dos rostos que encontraram pelo caminho.

 

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O Tempo Põe Cada Um em Seu Lugar

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Em política, como na filosofia, o tempo é o grande revelador. E foi com essa percepção — quase um pressentimento, que a ex-primeira-dama e presidente nacional do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, subiu ao palco no último sábado (1º), em Sorriso (MT), durante o encontro estadual do movimento.
O que parecia um simples discurso simbólico revelou-se um movimento calculado para consolidar o Partido Liberal (PL) e conter o avanço de alianças rivais no Estado.

Logo após o evento, uma pesquisa do Real Time Big Data, divulgada na segunda-feira (3), reforçou a leitura política do momento. O levantamento, que ouviu 1.200 eleitores, mostra o senador Wellington Fagundes (PL) liderando a disputa pelo governo de Mato Grosso em dois cenários distintos.

No primeiro cenário, Fagundes aparece com 42% das intenções de voto, seguido pelo vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), com 17%, e pelo ex-prefeito de Rondonópolis, Zé do Pátio, com 8%.
No segundo, o Senador mantém a liderança com 34%, seguido de Jayme Campos (União), com 17%, Pivetta, com 15%, Carlos Fávaro (PSD), com 12%, e Zé do Pátio, com 7%.

Este cenário, porém, é mais improvável, já que Fávaro deve disputar a reeleição ao Senado.

Mesmo assim, os números ajudam a compreender o redesenho silencioso das forças políticas no Estado.

Um fator crucial para interpretar o quadro é o índice de rejeição. Segundo a pesquisa, Jayme Campos lidera com 44%, seguido de Zé do Pátio (31%), Pivetta (25%), Wellington Fagundes (22%) e Carlos Fávaro (17%).
Esse dado revela um cenário favorável a Wellington, que aparece com uma das menores rejeições entre os principais nomes, especialmente considerando que Fávaro não deve disputar o governo.
O resultado reforça a estabilidade e a capilaridade política de Fagundes.

Aquilo que chegou a ser noticiado como uma suposta traição da alta cúpula do PL contra o Senador — em apoio a Pivetta — revela, na verdade, a tentativa de setores do agronegócio de impor um projeto individualizado, centrado na figura de quem detém mais recursos.

Todavia, a política não se vence apenas com patrimônio, mas com pertencimento e conexão com o eleitor.

Por mais dinheiro que se tenha, o verdadeiro capital político é o vínculo com o povo e, nem sempre aquilo que não é a vontade popular vence.

Com esses números e movimentos, é inevitável traçar um paralelo com Santo Agostinho, quando afirma que o futuro acontece no presente. O tempo da política, como o tempo da alma, é o espaço onde o que virá já começa a ser construído agora.

A esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão, e a coragem, a mudá-las.

No compasso atual, Michelle Bolsonaro reposiciona o PL e reafirma que, na política, a verdade pode até demorar, mas chega sempre na hora certa.

 

DA REDAÇÃO

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Michelle Bolsonaro em Sorriso: o recado por trás das entrelinhas

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O discurso que parecia simbólico tornou-se um movimento calculado para consolidar o PL e conter avanços de alianças rivais em Mato Grosso.

 

Aconteceu no último sábado (1º), em Sorriso (MT), o encontro do PL Mulher, que contou com a presença marcante da ex-primeira-dama e Presidente Nacional do movimento, Michelle Bolsonaro. Em meio a aplausos e olhares atentos, ela lançou uma reflexão que ecoou como um enigma político no cenário mato-grossense.

“É preciso entender aquele político, aquele candidato que só está surfando na onda bolsonarista. Depois ele vai se revelar como tantos outros, mas eu digo a vocês: a verdade sempre vai prevalecer. A mentira tem um tempo para acabar.”

A frase, aparentemente simples, carrega um subtexto poderoso. Ao defender autenticidade e coerência ideológica, Michelle Bolsonaro apontou, ainda que de forma sutil, para um novo ciclo dentro do PL. Um ciclo que exige lealdade ao projeto e não apenas à imagem que o impulsiona.

Logo em seguida, reforçou o posicionamento da sigla ao afirmar que o PL tem um projeto próprio para conquistar o governo de Mato Grosso. O Presidente estadual do partido, Ananias Filho, fez coro ao discurso, reafirmando a pré-candidatura do senador Wellington Fagundes ao governo estadual.

Segundo Ananias, “o PL fez o dever de casa e, o ano que vem teremos candidaturas do PL em Mato Grosso, porque teremos pré-candidato a governador, Wellington Fagundes, e pré-candidato ao Senado, Zé Medeiros.”

O que muitos interpretaram como um enigma pode, na verdade, ter sido um recado direto. A fala de Michelle Bolsonaro e de Ananias Filho veio para reafirmar a pré-candidatura de Wellington Fagundes e dissipar a nuvem de fumaça que pairava sobre o tabuleiro político mato-grossense e, especialmente diante das especulações sobre um possível apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro ao vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), na disputa pelo governo em 2026, nome que conta com o apoio do atual governador Mauro Mendes (União/Progressistas), pré-candidato ao Senado.

O discurso de Michelle, portanto, ressoa não apenas como um chamado à coerência, mas também como um alerta interno.

O recado é claro: há espaço no PL para quem defende o projeto da sigla, mas não para quem busca apenas um trampolim político, seja por conveniência pessoal, seja por interesses familiares.

Em política, a verdade tem mesmo um tempo para prevalecer. E o sábado em Sorriso deixou evidente que o PL está disposto a fazer esse tempo chegar mais cedo.

 

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Lula e Trump na Malásia: O que o aperto de mãos mais improvável do mundo ensina sobre governar de verdade

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A imagem rodou o mundo e, para muitos, parecia impossível: de um lado, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva; do outro, o Presidente americano, Donald Trump. O encontro do último domingo (26), em Kuala Lumpur, foi mais do que um simples evento diplomático. Foi uma aula magna sobre pragmatismo, demonstrando que, no grande tabuleiro da política mundial, a ideologia partidária tem um peso muito menor do que a necessidade de governar. E essa lição, vinda diretamente do palco global, ecoa com uma urgência surpreendente nos corredores do poder em Mato Grosso: A política, quando amadurece, ultrapassa fronteiras ideológicas e interesses pessoais.

Como pode dois líderes que representam espectros políticos tão antagônicos sentarem-se à mesma mesa para discutir agendas comerciais, econômicas e geopolíticas? A resposta é mais simples e, ao mesmo tempo, mais complexa do que parece. A retórica inflamada que incendeia palanques serve a um propósito claro: vencer a eleição. As narrativas são construídas para mobilizar bases e conquistar votos. Mas uma vez que a vitória é declarada e o mandato se inicia, a arte de governar exige uma moeda completamente diferente: a convergência.

É nesse ponto que a política se separa dos políticos amadores. Um gestor público de visão compreende que a máquina estatal não funciona com base em lealdade cega, mas em mesclar competência técnica com a atuação política de entregas. E aqui reside um desafio crucial: nem sempre o grupo que vence a eleição possui os quadros mais experientes para conduzir os serviços públicos. Administrar o bem comum, com suas normas, controles, responsabilidades, e implicações sociais, é um universo à parte da iniciativa privada.

É aqui que a verdadeira sabedoria de um líder se manifesta. Reconhecer que precisa de ajuda e buscar os melhores profissionais, independentemente de suas cores partidárias passadas, não é fraqueza, é grandeza. Contratar técnicos que serviram em gestões anteriores, mesmo de adversários, não é traição ao projeto político; é fidelidade ao compromisso com o cidadão. Essas pessoas, ao aceitarem o convite, não estão se curvando a uma nova ideologia, mas servindo ao projeto da gestão vigente, que, em última análise, deve ser o bem-estar da população. Não há demérito algum nisso. Pelo contrário, é a essência do serviço público.

Afinal, são os profissionais capacitados e experientes, incluindo os Servidores públicos efetivos que dedicam a vida à máquina pública, que garantem a continuidade e a eficiência. Eles são a memória institucional, o motor que faz o governo funcionar para além dos mandatos e das personalidades.

O agente político que compreende essa dinâmica deixa de ser um mero representante de um partido para se tornar um verdadeiro estadista, pois ele é, antes de tudo, um servidor do Estado e da sociedade. Isso exige diplomacia institucional. Sua função primordial é estabelecer um elo sólido de diálogo e colaboração entre o poder que representa e as diversas instituições que constroem o Estado e o Município, sejam sindicatos, universidades, setor privado ou a sociedade civil organizada. A gestão pública não pode, jamais, ser um projeto de vaidades pessoais.

No final, a lição da Malásia é cristalina e serve para presidentes, governadores e prefeitos. O aperto de mãos entre Lula e Trump não simboliza uma aliança ideológica, mas o reconhecimento de que, para governar, é preciso sentar-se à mesa com o mundo real.

A boa política é feita por pessoas preparadas, dispostas a servir e não a se servir. Profissionais competentes e experientes — especialmente os servidores de carreira — são o elo invisível que mantém a engrenagem pública em movimento, independentemente de quem ocupe o poder.

Quando diplomacia, técnica, política e vocação para servir caminham juntas, o resultado é um Estado que funciona, um governo que entrega e uma sociedade que confia.

Porque, no fim das contas, governar de verdade não é sobre quem aperta as mãos — é sobre quem estende a mão ao cidadão. E para isso, o mundo real exige menos palanque e muito mais governança.

Por: Ilson Galdino

DA REDAÇÃO

 

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