Assessoria | PJC-MT
A Polícia Judiciária Civil concluiu, nesta terça-feira (11.12), o inquérito policial que apurou conflito agrário na zona rural de Jauru (425 km a Oeste), localidade conhecida por Areião”, fato ocorrido no dia 21 de fevereiro de 2018, que levou a expulsão de funcionários da fazenda Boa Vista, por um grupo de “grileiros” conhecidos por “Família do Borginho”.
A investigação comandada pelo delegado regional de Pontes e Lacerda, Rafael Mendes Scatolon, indiciou nove pessoas em crimes de associação criminosa armada em concurso material, extorsão majorada pelo emprego de arma de fogo e concurso de pessoas. O inquérito policial será entregue ao Fórum da Comarca de Jauru.
“Criminosos armados, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, que aproveitam por se tratar de local distante para ilegalmente explorar o meio ambiente. Eles dividem a área invadida em pequenos lotes. Após dominarem a área, realizam a derrubada da mata, passam a vender a área a terceiros de boa fé, caracterizando, assim, eventual crime de estelionato, pois alienam coisa alheia como se fosse própria, bem provável através de contratos fictícios, passando assim a realizar empréstimos em bancos”, explicou o delegado
Foram indiciados: Juvenal Cassimir dos Santos (conhecido como Borginho), Iracema Emília dos Santos (esposa de Borginho), Josielson Eliel dos Santos (filho de Borginho Iracema), Jeremias Otoniel dos Santos (filho de Borginho e Iracema), Welison Antonio de Araújo, Arlindo Portilho Sobrinho, Adalto de Moraes, Valdenir Bezerra de Souza e Carlos Roberto do Nascimento Pela.
Todos respondem a vários processos criminais por esbulho possessório, porte de arma de fogo, ameaça, dentre outros.
Segundo a investigação, a organização armada está envolvida na prática de várias invasões na mesma localidade, com procedimentos policiais instaurados após as comunicações na Delegacia da Polícia Civil, entre os anos de 2016, 2017 e 2018.
No caso de fevereiro de 2018, uma das vítimas contou que estava na sede da fazenda quando se aproximaram a pé cinco homens na posse de armas de fogo e foram obrigados a deixar a propriedade sob a alegação de que aquelas terras não pertenciam mais ao seu patrão. Outros posseiros/grileiros também acompanhavam o grupo armado, somando-se cerca de 15 homens armados com revólveres e espingardas.
Os grileiros colocaram os trabalhadores na carroceria de uma caminhonete e os deixaram na cidade. Os funcionários foram ameaçados de morte caso retornasse à fazenda. Após a expulsão, os grileiros assumiram a posse da propriedade alheia.
Em outra invasão, em julho de 2017, uma das vítimas narrou que aproximadamente 20 pessoas fortemente armadas estavam na invasão de lotes de terras que ficam na mesma localidade conhecida por “Areião”. As vítimas foram retiradas da fazenda e deixadas na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade.
Em todas as ações criminosas, vítimas e testemunhas relataram invasões mediante ameaças pelo grupo de grileiros, determinando que deixem à área sob a alegação de que estão com a posse da área, sem apresentar documentação nenhuma.
“A ousadia e afronta dos grileiros é tanta que no dia 27/07/2017 após ter realizado a invasão no ano passado, através de uma advogada, foi registrado ocorrência arrolando os perpetradores como vítimas, caracterizando, em tese, e a princípio delito de denunciação caluniosa, ocasião em que instaurei inquérito policial próprio para apurar o fato”, disse o delegado Rafael.
Operação Grillus
Durante a investigação, a Polícia Civil realizou operação “Grillus”, que apreendeu 10 armas de fogo e mais de 1.000 munições, confirmando o poderio bélico dos suspeitos.
A operação intitulada “Grillus” foi deflagrada no dia 18 de março de 2018, com o objetivo de desarticular uma associação criminosa armada que agia na região (principalmente na zona rural de Jauru), amedrontando proprietários de terras e seus colaboradores.
A maior parte das denúncias vem da região conhecida como “Areião”, em Jauru. Segundo relatos, invasores (mediante emprego de arma de fogo e grave ameaça) liderados por Juvenal Cassimir dos Santos, conhecido como “Borginho” e seus familiares, expulsavam colaboradores dos proprietários sob o argumento de que as terras não lhes pertenciam.